sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Passos... caminhos sem volta...


Tudo bem, é fato que temos que aprender a aceitar e lidar com as manias das pessoas que nos cercam, por mais estranhas que elas sejam e por mais que nos irrite, mas determinadas coisas são simplesmente estranhas... não consegui encontrar outra palavra.

É um mito de divergência, uma guerra de amor que acontece tão friamente aqui dentro que até assusta quem não está acostumado à instabilidade de gostar de outra pessoa. É pra ser difícil mesmo, complicado, é para não ter palavras, pra chorar e gritar mesmo, caso não aconteça dessa forma, ache estranho, pode não ser amor... se não estiver doendo no fundo da sua alma, lá no fundo, naquele cantinho que você deixa guardado pra pessoas especiais... hum, se não for assim, tem grandes chances de você estar enganado mais uma vez.

Nessa nova fase de conhecimento entre o casal é que facilmente grandes homens se tornam meninos cheios de vontades e grandes mulheres se mostram mais egoístas do que verdadeiramente são. É verdade... é um jogo de egos, de vontades.

Acredite, você pode odiar o Indiana Jones desde sua infância, mas para horror e desgosto próprio, se verá assistindo a um filme dele nem que seja pra falar que ele é péssimo. Você está até bem controlada com sua dieta, mas sai da dieta pra agradar o outro, aceita que nem tudo são flores, mas o pior de tudo, você se conforma por essa ser sua vida e não briga pelas suas vontades.

Eu não sei o que me deu hoje... aliás, sei bem o que está acontecendo... Em determinadas coisas não podemos voltar atrás... são caminhos sem volta e uma certa dor que não acaba mais.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Vida Louca Vida...


Em determinados momentos é bom imaginar que estamos em outro lugar e que somos outra pessoa... pelo menos por alguns segundo com certa ignorância podemos analisar nossa vida por outro aspecto, por meio de um parâmetro diferenciado que pode ou não mudar decisões, pensamentos, vontades.
O triste disso é achar que é possível não tomar decisões precipitadas e pior... a velha crença de que está tomando a decisão certa, fazendo a coisa certa diante de uma incongruência que não nos permite ser quem desejamos ser e que na verdade nem entendemos.
A vida não é só essa caixa de pandora, mas é também a dúvida e o desgaste do pensamento, acho que por isso temos o luxo de simplesmente viajar... nos projetamos
em outras dimensões, com desejos ocultos, embaraçosos, com idéias malucas, mas que dariam muito mais certo do que acatar as idéias que nos impõem... Não sou a favor do anarquismo, mas imagine a situação e entenda que seria simplesmente divertido poder fazer o que quiser, como quiser e quando quiser... melhor ainda!
O estranho é você se enxergar questionando as coisas mais simples da vida, será que o sol realmente está ali na beira da piscina, será que é isso mesmo que estou vendo ou ainda, será que é isso que realmente quero fazer... nunca temos qualquer idéia com a clareza e a certeza de que dará certo, sempre contamos com aquele desejo positivista de que não poderia ser diferente, apenas isso!
Mamãe disse que eu parei de sorrir muito cedo... não sei porque mas sempre me senti com a responsabilidade de fazer tudo dar certo, absolutamente tudo; acho que por isso eu vou sempre até a última gota de esperança em todas as minhas decisões... mas queria ter essa persistência em outros campos também.
Queria ter o dom da indiferença... esse eu realmente queria ter, queria ser capaz de passar na rua e não demonstrar remorso algum, só fingir que nada aconteceu, mas sou muito emotivo, só de passar na frente de determinados lugares eu desmorono, imagina ainda por cima cruzar com as pessoas responsáveis por essas lágrimas.
Por favor, nem sempre são lágrimas de tristezas, não perco meu tempo remoendo as angústias do passado, acho insanidade viver assim... mas é que algumas ocasiões foram tão boas, algumas coisas são simplesmente tão perfeitas, alguns momentos da infância, dos tempos do colégio... as aulas de historia do Magno com as idéias mirabolantes de salvamento pra economia, pra população, pra vida... fazem realmente parte da melhor fase da minha vida.
De certa forma ainda acreditava em Papai Noel, em Príncipe Encantado, ainda via meu cavalo branco chegando pra me resgatar das amarras do meu severo pai... rsrsrs... que viagem torta essa viu!
Aos poucos você descobre que Papai Noel nunca existiu, e isso vale pro Príncipe também. Ai em meio a uma tempestade de sentimentos você percebe que seus pais não são perfeitos mas somente eles te salvarão de suas próprias escolhas, a ficha cai e você descobre a grande diferença entre irmãos e melhores amigos, indiretamente você percebe que a empregada da sua casa sabe muito mais da sua vida do que você imagina e que seu namorado nunca vai te entender e quando isso eventualmente acontece você se prende à idéia de que ele é perfeito e esquece que não existe ninguém perfeito nesse mundo... Ou seja, sempre cavamos nossa própria cova... mas é na união dessas imperfeições que nos encontramos como seres humanos e principalmente, é nessa bagunça que encontramos nossa felicidade... E o pior de tudo isso é ainda ter que concordar com sua Avó, aquele ser que não te conhece muito, mas o bastante pra saber que tem alguma coisa errada com você e ainda te sugere umas reviravoltas que vão te dar gargalhadas de presente.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

E o ciclo começa a girar....




roda viva

chico buarque


Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...(4x)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Nada como um banho de Cachoeira


Agora eu entendi... agora nenhuma lágrima desce com aquela dor de antes e nenhum arrependimento, nenhum mesmo. Mas é porque eu entendi... há alguns dias atras as lagrimas desciam colocando à prova tudo que eu já tinha sentido, me fazendo pensar que não seria capaz de superar e nem de compreender as escolhas que nós mesmos nos impomos, sim foi uma escolha premeditada, eu sabia exatamente o que falar e o que fazer para seguir de forma distante e fria com tudo isso. A culpa, se é que em algum momento ela existiu, foi minha e não sua.
A dor de tudo isso é aquela dor gostosa, de quem se deixa envolver, sinal de que tenho coração apesar dos trancos que a vida tem me dado. Mas é também um sinal de que tenho feito alguma coisa errada, algo que vai contra todo esse sentimento acima de mim, que permite que me una a alguem pela vida inteira e que essa loucura toda passe.
Esse é problema das paixões fulminantes, que passam para dar um tapa na cara da gente e abrir os olhos pro que está a sua volta e sabe o que eu tenho... um pouco de mim, perdido e partido pela distância... um pouco de mim partido pela clausura de sentimentos... mais um pouco... esse pouco se perde na vontade extrema de amar e o outro pouco sobrevive, porque isso aqui sim é o verdadeiro purgatório e passando dessa... não há coração que resista ao que vem depois disso... por isso a morte não assusta tanto quando chega a pessoas que passaram tanto tempo entre nós... é uma passagem, uma etapa a ser vencida.
A poesia de hoje é simplesmente linda e de certa forma, ler pela milésima vez e deixar mais lágrimas rolarem me fez perceber o quanto o que eu fiz foi certo e que essa escolha foi mais minha do que de qualquer outra pessoa.
As lágrimas de consequência e os gritos de consternação, são as etapas que preciso pra fazer algo muito maior, hoje eu sei o que eu vou enfrentar e pior, sei que minha única chance é fazer isso sozinha.


Como dizia o poeta 
Quem já passou por essa vida e não viveu 
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu 
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu 
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não 
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão 
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir 
Eu francamente já não quero nem saber 
De quem não vai porque tem medo de sofrer 
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão 
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Neste coração que se veste de mágoa...


Soneto de Fidelidade


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes

Decepção....


Castigo
Dolores Duran

A gente briga
Diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar
Um belo dia
A gente entende que ficou sozinho
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar
Você se lembra
Foi isso mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você
A gente briga
Diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar
Um belo dia
A gente entende que ficou sozinho
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar
Você se lembra
Foi isso mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Era um menino.... Meu Amigo Imaginário


Era um menino que de tempos em tempo me surpreendia com seu jeito, que me cativava com seus olhares, que me intrigava, que me fazia ir longe em alguns pensamentos e que eu logo voltava à realidade.
Existe certa mágoa nessas palavras, amor demais, vontade demais e conhecimento algum entre os dois. De fato não é tão difícil entender o que os fez o que são hoje e o que cada um significa um para o outro... Por um lado o medo de sofrer é maior, o medo de saber que está tudo errado, de fato incompreendido e morno nesse coração que de certa forma não pára de se calejar. Do outro lado, nesse mesmo coração há uma enorme vontade de ser feliz, mas uma grande confusão de sentimentos e obrigações.
Não sei o que aconteceu, eu sei que tudo mudou... que eu não sou a mesma de alguns dias atrás e que tudo que me dava segurança, hoje, só me afasta do mundo que vivo, só me mostra que existe outro caminho... como diz o sambista, "Foi um Rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar..."
Entendam, nem tudo na minha cabeça foi pensado, não premeditei, chorei a incerteza, as dúvidas, o medo de mudar muito a minha vida, mas parece inevitável que essa mudança seja brusca e de forma tão feroz... Não escolhi entre certo e errado... só estou fazendo o que sinto que é melhor, mesmo sabendo que o melhor pra mim, pode não ser o melhor pra você.
Por isso o traduzir-se do post anterior, mas começo a crer que é impossível entender o que passa aqui dentro, as confusões mentais, religiosas, emocionais, mais pesam do que facilitam minha vida e no momento, eu queria conseguir só pensar em mim... mas eu não sou assim... felizmente ou não minha mãe não me ensinou esse egoísmo, apesar de às vezes pregar que ele faça parte da nossa vida.

Se ela quisesse

vinicius de moraes

Se ela tivesse

A coragem de morrer de amor
Se não soubesse
Que a paixão traz sempre muita dor
Se ela me desse
Toda devoção da vida
Num só instante
Sem momento de partida

Pudesse ela me dizer
O que eu preciso ouvir
Que o tempo insiste
Porque existe um tempo que há de vir
Se ela quisesse, se tivesse essa certeza
De repente, que beleza
Ter a vida assim ao seu dispor
Ela veria, saberia que doçura
Que delícia, que loucura
Como é lindo se morrer de amor


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Uma Parte de Mim.....



A vida não nos prega peças, não sonho mais os mesmos sonhos, nem gosto mais das mesmas coisas, mas de fato estou cansada... em geral de tudo, não tem como fazer uma lista, mas logo as lágrimas rolam por conta própria.

Nesse contexto de que tudo mudou e que nada é por acaso, consigo vislumbrar certo ânimo em no mínimo não me sentir mal pelas minhas escolhas, pelas decisões que o mundo moral e ético rapidamente condenariam com direito à fogueira e até pedras.

Plasmada na certeza de que minha humilde cabeça definitivamente não pensa muito quando fica assim, apenas observo a mudança, a felicidade, à vitória e não é só isso que quero. Consigo ter uma lista de desejos muito maior que a de antes...

E pra começar, a poesia diz tudo:


Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Educadamente..... não.... só isso......


Só a vida simples, de um jeito simples... أحب الحياة... لا أعرف ما اذا كانت تحب لي. أشعر هنا في أكبر من الرغبة في التحرك على

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Outro Blogueiro..... Por uma boa causa

SIMPLESMENTE O POST DO ANO PASSSADO NO BLOG QUE EU MAIS LEIO, ALIAS.... TODO MUNDO DEVERIA SE DIVERTIR.... http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/marceunalapa/ http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/frontdorio/
Enviado por Marceu Vieira - 18.12.2008 13h25m causa própria
A fotografia de um transformista fantasiado de baiana na Banda de Ipanema, estampada numa primeira página de jornal velho encontrado em casa, me fez lembrar de Zoraia, a única primeira-passista travesti que conheci na vida. Aliás, deve ter sido a única primeira-passista travesti em toda a história do carnaval.
Apesar de sua existência inusitada - porque o título de primeira-passista de uma escola, num tempo em que ainda havia primeiras-passistas, era deferência concedida apenas à mais desejada das cabrochas -, bom, apesar disso, é pouco provável que os estudiosos do samba, desde sua origem na Praça Onze, saibam da existência de Zoraia.
Escrevia-se Zoraia assim mesmo, com “Z” de Zorro, nome de guerra de uma criatura tão diferente para os meus olhos de menino em Morro Agudo que, no início, eu não conseguia adivinhar se ela era homem ou mulher. Era muito alta, devia medir quase 1,90m. Tinha a voz meio grossa, meio fina, peitinhos de limão e olhava para a gente com olhos de lascívia.
Zoraia reinou no carnaval de Morro Agudo na década 70. Era da linhagem de um Madame Satã, por exemplo, o homossexual que dominou a Lapa carioca dos anos 40 e 50. Como Satã, Zoraia era valente e não costumava perder as brigas em que se metia.
Pobre, nascida na Baixada Fluminense, anti-heroína de uma vida distante dos colégios e próxima dos conflitos com a polícia, era a minoria em forma de gente. Seu tipo se enquadrava em todos os guetos. Era negra, favelada e nem mulher era.
Era uma ferrada. Mas, antes de ter sua carreira interrompida pelas dores de uma condenação na Justiça por um crime que eu nunca soube qual foi, defendeu, anos a fio, com orgulho de rainha de bateria, a bandeira de sua escola de samba. Com sua magreza brejeira e talhada em curvas artificiais, saía, deslumbrante, à frente do vistoso pendão verde e branco do querido Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperial de Morro Agudo.
Na infância, uma das nossas brincadeiras preferidas era mexer com Zoraia. Num tempo em que o homossexualismo era para nós algo insondável, eu e meus amigos de rua descobrimos, enfim, graças a ela, que a humanidade não era dividida apenas entre homens e mulheres. Havia também os viados, que é como a gente a chamava - “ô viadôôôôôô!” - na farra incorreta da meninada que vivia caçoando dos outros na rua.
Zoraia não deixava barato. Corria atrás da gente e, quando pegava um, não economizava cascudos. Se não conseguia nos alcançar, berrava palavrões e, de longe, mostrava o membro, balançando a peça de tamanho razoável que emprestava a seu aspecto já confuso um ar conflitante de aberração e deformidade. Alguns palavrões que gritava eram desconhecidos, o que nos obrigava a pedir a tradução dos garotos mais velhos.
Lembro que um desses garotos mais velhos, certa vez, gritou para ela:
_ Zoraaaaaaaiiiiaaaaaaa! Tua periquita é na buuuuuuundaaaa!!!*
Engraçado que, naquele dia, ela não se ofendeu. Parou, olhou para a criançada que se acabava de rir na esquina, e, em vez de estrilar, como sempre, devolveu com o nariz empinado e um sorriso orgulhoso:
_ Até que enfim vocês disseram alguma coisa que presta. Dessa eu gostei.
Zoraia era a alegria dos peões de obra, dos degredados do sexo, dos viúvos solitários, dos solteirões tarados, dos aleijados, dos desterrados da sorte, dos loucos de rua e dos desvalidos que se saciavam com seus favores. Com alguns, ia de graça. Com outros, deitava-se em troca de notas miúdas, cigarros, bebida ou prendas ordinárias, como perfumes e bijuterias roubados das penteadeiras de casa. Era a encarnação sem glamour da Geni da ópera de Chico Buarque.
Dizem que também consolava mulheres enfastiadas de seus maridos - e que, neste papel, teria chegado a roubar o coração de muitas senhorinhas carentes de gozo e de afeto.
Lembro que tinha uma irmã linda e cobiçada. Contam que muitos homens iam com Zoraia só para amainar, com fantasias, a obsessão de possuir a verdadeira vênus da família. Ter Zoraia na condição de cunhada era uma possibilidade que o preconceito disseminado impedia, mas era o sonho que povoava o fundo da alma de muitos em Morro Agudo.
Talvez só não tenha sido o meu por uma questão de contemporaneidade. Eu era bem mais novo. Mas ouço dizer de homens que sofreram de se embebedar nos botequins com o coração afogado na tristeza de não desfrutar das virtudes femininas da irmã de Zoraia.
A mãe também não era de se jogar fora. Lembro que, certa vez, adolescente, entrei tarde da noite no Botequim do Dimas, Deus os tenha - o Dimas, que já morreu, e seu botequim, que virou armarinho -, e encontrei meu tio sentado no balcão. Perto dele, dois banquinhos adiante, estavam a irmã e a mãe de Zoraia. A irmã já não era aquela visão de mulata da minha infância, mas ainda atraía todos os olhares masculinos do bar.
Aliás, não atraía todos. Dividia alguns com a mãe, ali uma senhora ainda muito bem apanhada e capaz de mexer com a libido de homens até mais novos.
Um dia, Zoraia foi presa e eu nunca mais soube dela. Sua mãe e sua irmã, com os anos, também sumiram, e, desde então, a figura daquela passista extravagantemente andrógina e improvável, de cabelo carapinha escondido sob lenço colorido ou peruca, passou a ser tema de conversas sobre as brincadeiras de mau gosto que aprontávamos na infância.
Anos atrás, cheguei a pensar em me valer da prerrogativa de jornalista para tentar descobrir seu destino. Mas logo desisti. Como não sabia seu nome verdadeiro, não ia dar muito certo telefonar para a assessoria de imprensa do Departamento do Sistema Penal e perguntar por um interno chamado Zoraia, que nem fama no crime tinha.
Lembro que, na cobertura de uma rebelião no presídio de Água Santa, ali pela segunda metade dos anos 80, cheguei a imaginar que podia encontrá-la. A cena: eu de bloco e caneta na mão, anotando as queixas dos presos, e no meio deles lá estaria a antiga estrela dos desfiles da Imperial, feliz com a troça de um colega de cela, que gritaria para os repórteres:
_ Eeeeiii! Essa aqui é a Zoraia, que tem a periquita na buuundaaa!*
Que nada. Zoraia não estava lá. Há pouco tempo, contei a um amigo querido de Morro Agudo da intenção de escrever sobre ela e pedi que me ajudasse a descobrir seu paradeiro. Ou pelo menos se ainda era viva.
Depois de alguma pesquisa, meu amigo descobriu que a personagem da nossa infância cumprira pena de 12 anos e havia deixado a cadeia em data imprecisa, um tempo atrás. Tornara-se evangélica, passara a freqüentar uma Assembléia de Deus e, antes de morrer, doente de mal desconhecido, envelhecido e mofino, reassumira o nome de batismo - Wilson.
Quem sabe na esperança de alcançar o céu, e com ele a remissão dos pecados de antigamente, e talvez ainda a ressurreição da carne castigada e a vida eterna, amém, Wilson da Silva foi enterrado, como fiquei sabendo, já sem as curvas artificiais que nos intrigavam na infância.
* Texto do dono do Botequim extraído do livro "Jornalistas que valem mais de 50 contos", coletânea publicada em 2006 pela Casa Jorge Editorial (o autor optou aqui por substituir expressões contidas no original).

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Alguma coisa sempre vai te tirar do sério!





É mais do que certo q alguma coisa sempre vai te tirar do sério, não adianta, bem que tentamos fugir dos problemas e às vezes achamos que eles até nos persegue, mas a verdade é que precisamos passar por eles, seja pra criar força pra continuar, seja pra desviar e olhar outro caminho que talvez não seja tão atraente, mas que vai te dar os verdadeiros ganhos da sua luta!
O mundo dá as mesmas voltas que antes, os problemas de fome e guerra são os mesmos, porém agora com maior sofisticação, o que deixa o ser humano mais cruel e mais vulnerável às suas próprias maldades.
Ontem foi um bom dia, uma noite "tranquila".... pelo menos do meu ponto de vista e hoje está sendo o dia! Pelo menos agora eu efetivamente sei o que tenho que fazer!
o alto graude satisfação e realização ainda não existem, mas eu sei que esse sim é o meu ano... e eu vou fazer tudo muito diferente de antes!
*** Alle lohnt sich, wenn die Seele ist nicht klein ***

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Maysa......

وأنا أعلم بأنني سوف أحبك لجميع حياتي

Resposta
Maysa

Ninguém pode calar dentro em mim
Essa chama que não vai passar
É mais forte que eu
E não quero dela me afastar
Eu não posso explicar quando foi
E como ela veio
E só digo o que penso
Só faço o que gosto
E aquilo que creio
Se alguém não quiser entender
E falar, pois que fale
Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe
E se alguém interessa saber
Sou bem feliz assim
Muito mais do que quem já falou ou vai falar de mim

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009.... Mais um Ano, Menos um Ano.....


Primeiro Post do ano.... 2009, estranho falar assim, mas é diferente ver como o tempo passou, algumas coisas mudaram e outras simplesmente continuaram as mesmas. Pela primeira vez tenho que admitir que perdi tempo, queria ter feito coisas esse ano que eu não fiz, mas nada impede que eu entre 2010 com tudo que quero realizado, com todos os meus planos cumpridos e com mais mihões de planos pela frente, afinal de contas nós simplesmente passamos por planos e etapas para construir mais planos para os anos posteriores.
O que desejo pra 2009, um pouco mais da paz que tive em 2008 e principalmente mais força, senti que esse ano que passou eu fui muito complacente, relaxada talvez, mas esse ano será diferente, muito diferente de todos os outros, sinto aqui dentro que já tenho motivos para comemorar o Ano que vem....
Desejo a todos um Ótimo 2009, e não só paz, dinheiro, carinho, mas amor também, quando nosso coração está bem, todo o resto caminha sem problemas....
Milhões de Beijos para todo mundo..... e um especial pro meu amor.....