segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Tempo...

Um dia você prometeu que nunca mais machucaria ninguém, que nunca mais comeria carne, que nunca mais esqueceria de escovar os dentes, que não tomaria refrigerante, que não gastaria dinheiro com besteira, um dia você jurou que não beberia, que estudaria muito, que não sairia da linha...
Nosso ano começa cheio de promessas e termina com o dobro dessas promessas e a esperança de que um dia se consiga realizar pelo menos alguma delas. Mais um ano se passou e eu não fiz nada do que eu prometi que ia fazer, mas não tenho porque me arrepender, afinal de de contas eu estou viva e esta é a maior das dádivas e maravilhas do mundo.
Eu não parei de brigar com minha irmã, não fiz o regime que jurei que faria desde o ano novo, não estudei como deveria, não lutei pela minha vida como eu disse que faria... acho que de todos os problemas que posso ter, esse é o que mata... é quando você sabe que não está satisfeito, que está tudo errado e não muda.
Existe salvação, existe mesmo... ainda tenho alguns dias até o ano novo e espero que até lá eu consiga colocar as coisas no lugar.

Eu, que era eu...

Sim, porque eu já fui eu ...

Mas cheguei à triste conclusão de que não sou mais eu.
Meu nome, que por isso mesmo, já esqueci,
não interessa mais a ninguém.
Para um médico, sou apenas cliente.
Num restaurante, sou freguês.
Quando alugo uma casa, viro inquilino.
Na condução sou passageiro.
Nos correios, sou remetente.
No supermercado sou consumidor.
Para o Imposto de Renda sou contribuinte,
Com o prazo vencido sou inadimplente e se não pago sou sonegador.
Para votar, sou eleitor; mas no comício sou massa.
Viajar? Viro turista.
Na rua, caminhando, sou pedestre; e se me atropelam sou acidentado;
No hospital viro paciente e para os jornais sou vítima.
Se compro um livro, viro leitor; para o rádio sou ouvinte;
para o Ibope, espectador e, para o futebol, eu,
que já fui torcedor, virei galera.
Para acabar com esse complexo... sim, porque estou complexado ...
aconselharam-me a procurar um terreiro. Mas foi tiro n'água.
Assim que falei com o pai-de-santo, virei mi-zi-fi-i-nho.
Já que, quando morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome.
Vão me chamar de finado, o extinto, o defunto e,
em certos casos círculos, até de o desencarnado ...
E pensar que, no meu apogeu, já fui mais eu.
.
Agente acaba virando um pouco de tudo e um misto de nada, quando você abre a porta e descobre que não foi seu melhor amigo empolgadíssimo que bateu, você percebe que é o tempo chamando sua atenção e você descobre o que já sabe, o inevitável, você não tem mais tempo a perder...
Percebe-se que o céu pode ser mais nublado do que azul com aquele sol maravilhoso, você já não pode jogar a culpa de todos os seus problemas na TPM, sua família deixou de ser sua família há muito tempo e só você não tinha percebido, a faculdade virou um fardo que está difícil de carregar, a pessoa que você achava que era sua melhor amiga simplesmente não é... mas você tem todo o suporte que precisa e tudo isso vira banalidade, aos poucos você se acostuma com seu novo "Eu", com sua nova forma de vida e com sua escolhas, principalmente com suas escolhas!

Nenhum comentário: